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Justiça Gratuita

Bloqueio de contas em plataformas digitais: quando o algoritmo ameaça sua renda

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Imagine acordar e descobrir que sua loja no Mercado Livre ou na Shopee sumiu

Sem aviso claro, sem explicação convincente, com o saldo retido e os anúncios fora do ar.

Para quem depende do e-commerce, isso não é “probleminha técnico”: é corte imediato de faturamento, ruptura de contratos com fornecedores e impacto direto no sustento da família ou na saúde financeira da empresa.

A boa notícia? Bloqueio não é sinônimo de impotência. Afinal, a lei impõe limites às plataformas, como: transparência, motivação, proporcionalidade e respeito à boa-fé objetiva. E, quando esses limites são cruzados, há caminhos práticos — administrativos e judiciais — para buscar a reversão.

A importância de conhecer este tema

Vender em marketplaces deixou de ser alternativa: virou a linha de frente de receita de microempreendedores e empresas.

Bloqueios arbitrários ou desproporcionais desligam a vitrine e o caixa ao mesmo tempo.

Nosso objetivo aqui é traduzir o que a lei garante e mostrar formas de agir quando o inesperado acontece.

O que a lei exige das plataformas?

Mesmo se tratando de empresas privadas, plataformas não podem agir de forma arbitrária, ou seja, como bem entender. Elas estão submetidas a princípios e regras que equilibram a relação com o vendedor, dentre eles:

 

  • Boa-fé objetiva e função social do contrato (CC, arts. 421 e 422): a plataforma não pode suspender um vendedor sem justificativa clara, pois isso fere a confiança mínima que deve existir entre as partes e prejudica a função social do contrato, que é permitir que ambos prosperem com a relação.
  • Vedação ao abuso de direito (CC, art. 187) — poder contratual não é carta branca: mesmo que o contrato preveja a possibilidade de bloqueio, não é aceitável usá-lo para punir vendedores de maneira desproporcional, como bloquear toda a conta por atraso pontual em uma entrega, por exemplo.
  • Direito de informação e transparência; responsabilidade por falha na prestação do serviço (CDC, arts. 6º e 14): se a plataforma bloqueia uma conta, precisa dizer exatamente o motivo, qual produto ou conduta foi questionado e oferecer meios de defesa. Falhar nisso é falta de transparência e responsabilidade.
  • Acesso à Justiça (CF, art. 5º, XXXV) — nenhum direito fica fora da apreciação do Judiciário: se a plataforma se recusar a revisar ou desbloquear a conta de forma justa, o vendedor pode acionar o Judiciário. A porta da Justiça nunca pode ser fechada.
 

Tradução prática: bloqueios precisam ser motivados (explicação clara do motivo), proporcionais (sanção compatível com a gravidade do ato ilícito) e revisáveis (o usuário deve ter a chance de contestar); retenções de estoque e de valores exigem justificativa robusta; decisões automáticas devem admitir revisão humana (porque muitas vezes são feitas por algoritmos que erram no contexto).

Quando o bloqueio é legítimo - e quando passa do ponto.

LEGÍTIMO

fraude comprovada;

venda de produto proibido;

descumprimento grave e reiterado dos Termos de Uso.

ABUSIVO

bloqueio automático sem chance de defesa;

suspensão reflexa sem prova individual;

retenção de estoque/valores por tempo indeterminado;

sanção desproporcional por ocorrência isolada.

Sinal de alerta: se a plataforma não explica claramente o motivo, não oferece canal efetivo de defesa ou mantém retenções indefinidas, há forte indício de abusividade.

Principais hipóteses e como agir diante delas

Violação de marca (propriedade intelectual)

  • Situação: denúncia automática ou maliciosa, mesmo com produto original.
  • Como agir: peticione na plataforma com notas fiscais, laudos, autorizações; reporte eventual abuso de concorrente; judicialmente, peça tutela de urgência para restabelecer a conta e cessar perdas.
 

Suspensão reflexa

  • Situação: bloqueio por “semelhança técnica” (IP/dispositivo/dados) com outra conta penalizada.
  • Como agir: comprove autonomia operacional (CNPJ, contratos, notas, logins distintos); exija revisão humana; na via judicial, alegue abuso e peça desbloqueio imediato.
 

Retenção de produtos

  • Situação: estoque fica preso no CD da plataforma, sem venda e sem devolução.
  • Como agir: formalize pedido de devolução; documente recusas; se necessário, busca e apreensão/restituição em tutela de urgência.
 

Infrações menores ou automatizadas

  • Situação: penalidade por atraso pontual/avaliação isolada/ajuste no anúncio.
  • Como agir: solicite revisão humana, junte histórico de performance, evidencie correções; se mantido, judicialize pedindo revisão da sanção por desproporcionalidade.

O que fazer nas primeiras 48 horas

  1. Salvar provas imediatamente
    Prints da tela de bloqueio; e-mails/solicitações no suporte; histórico de anúncios; relatórios de pedidos; extratos de repasses; contratos com fornecedores; notas fiscais dos produtos.
  2. Abrir chamado formal e exigir motivação específica
    Pergunte o motivo exato do bloqueio, o item/ato supostamente infrator e o canal de defesa.
  3. Apresentar defesa técnica
    • Violação de marca: NF, autorização, laudo de autenticidade.
    • Suspensão reflexa: provas de autonomia (CNPJ, endereço, contas bancárias distintas, logs).
    • Retenção de estoque: requerer devolução com prazo; listar itens/quantidades; apontar prejuízos.
    • Penalidade automatizada: requerer revisão por pessoa.
  4. Registrar protocolo e prazos
    Se não houver resposta efetiva em prazo razoável (por ex., 48–72h), escalone internamente (ouvidoria/nível avançado).
  5. Judicializar quando houver urgência
    Com o dossiê pronto, avalie tutela de urgência para reativar conta, liberar valores/estoque e evitar dano continuado.

 

Importante: não há promessa de resultado. A viabilidade depende do caso concreto e da robustez das provas.

Checklist de documentos que aumentam suas chances

Erros que podem custar caro (e como evitar)

  • Aguardar “resolver sozinho” enquanto o prejuízo cresce. → Documente e atue desde o primeiro dia.
 
  • Responder de forma emocional e sem prova.Seja técnico e objetivo; anexe evidências.

 

  • Decisões automatizadas.Peça revisão por humano e registre protocolo.

 

  • Judicializar às pressas sem dossiê.Monte o caso: cronologia, provas, impactos.

Conte com a L. Barbosa Advocacia para garantir seus direitos em seu comércio digital.

O comércio digital não é um favor das plataformas: é uma relação contratual que deve respeitar a lei e a dignidade econômica de quem vende. Bloqueios existem — e alguns são legítimos. Mas a arbitrariedade tem limite. Conhecer os fundamentos, agir rápido e organizar provas faz toda a diferença entre um prejuízo prolongado e a retomada célere da atividade.

Lembre-se: informação protege. Prova convence. Proporcionalidade equilibra. E o Direito existe para garantir que a tecnologia sirva às pessoas — não o contrário.

Você pode contar com a L. Barbosa Advocacia para sua defesa em casos de bloqueio de contas em plataformas digitais.

Nossa equipe atua com excelência em Direito Digital e Empresarial, oferecendo suporte completo desde as medidas extrajudiciais até a via judicial. Temos experiência em casos de bloqueios abusivos em marketplaces como Mercado Livre, Shopee e Amazon, preparado para analisar seu caso com rigor jurídico e atenção individualizada.

👉 Se você está passando por essa situação, entre em contato conosco. Quanto antes a defesa começar, maiores são as chances de reverter o bloqueio e minimizar os danos.

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